A Orquestra Sinfônica de Sergipe (Orsse) chega aos 40 anos como um dos principais grupos orquestrais do Nordeste, reconhecida pela forte atuação na capital e no interior, e por sua contribuição para a formação de público e músicos no estado. A trajetória da Orsse é marcada por relações construídas com quem a faz e com quem a acompanha, diariamente, nos palcos e nas plateias. Neste aniversário, músicos, público e parceiros compartilham experiências que ajudam a entender por que a Orsse ocupa um lugar especial na cultura sergipana.
“A Orsse mudou completamente a minha vida e a de muitos músicos que passaram por ela. A Orquestra representa um espaço de formação contínua, tanto para quem assiste quanto para quem toca. A arte não é um luxo, é um direito. A música deve ser acessível, como um item de primeira necessidade. E o trabalho da Orsse, sob gestão da Funcap e do Governo de Sergipe, é garantir esse acesso. Não só na capital, mas no interior, nas escolas, nas ruas”, afirma o maestro e professor Daniel Nery, colaborador da Orquestra que já esteve à frente de diversas apresentações.
O maestro destaca o papel da orquestra na formação de músicos e no acesso à música de concerto em Sergipe. “Muitos jovens instrumentistas sergipanos deram seus primeiros passos profissionais na orquestra, encontrando ali não só uma estrutura sólida, mas, também, um ambiente de troca, aprendizado e amadurecimento”, frisa.
A Orquestra Jovem de Sergipe, criada a partir do selo Orsse, com participação ativa de Daniel Nery e Guilheme Mannis, também é mencionada como marco de continuidade. “Esse tem se consolidado como um importante espaço de valorização e formação de novos talentos, alimentando o futuro musical da única orquestra profissional do estado. Destaco, ainda, que o público da ORSSE é, ao contrário do que muitos imaginam, majoritariamente jovem, composto por estudantes de diversas faixas etárias e classes sociais. Esse perfil é resultado de um trabalho contínuo e cuidadoso de formação de plateia e desenvolvimento de repertório, conduzido pela atual gestão artística da Orquestra”, pontua Daniel.
A orquestra abriu portas para que a música de concerto chegasse a lugares e pessoas que, antes, não tinham esse acesso, aproximando os repertórios universais do cotidiano da população. “Um dos momentos mais simbólicos, para mim, foi uma apresentação em Gararu, no ciclo de concertos no interior do estado chamado ‘Orquestra na Estrada’. Fomos recebidos com fogos de artifício na cidade e, ao término do concerto inteiramente dedicado à música clássica, uma senhora, visivelmente emocionada, aproximou-se de mim para dizer que nunca havia assistido a uma apresentação orquestral e que, naquela noite, ‘sentiu-se mais próxima dos céus’. Esse momento me marcou profundamente”, destaca o maestro.
Das aulas ao palco
Entre os músicos mais jovens, o sentimento de pertencimento e gratidão é forte. Clarissa Porting, violinista de 16 anos, resume o significado de integrar o grupo em algumas apresentações especiais, como o musikflix. “Nunca imaginei que teria a honra de tocar com eles. Desde os ensaios até o concerto, fui muito bem acolhida. Fazer parte da Orsse, mesmo que por um momento, foi uma experiência emocionante. Vou levar comigo para sempre. A Orsse vai além da técnica; ela é feita de pessoas que acolhem, que ensinam. Tocando ao lado deles, eu entendi que a música transforma”, conta.
Público cativo
Frequentador assíduo, Luiz Araújo vai completar 88 anos, mas não perde um concerto da Orsse. “Uma cidade sem uma sinfônica é uma cidade sem alma. Não perco nenhum espetáculo, a não ser em caso de doença. Considero esse o maior patrimônio cultural e imaterial de Sergipe. A música é a ferramenta presencial em busca de sociedades mais justas e menos desiguais. Nessa idade, depois de ouvir um concerto da Orsse, saio mais jovem, com a alma fortalecida para enfrentar o dia-a-dia”, destaca.
O encantamento também é internacional. Luiz lembra de quando levou um amigo de infância, vindo de Barcelona, para assistir à orquestra. “Ele ficou admirado. Acostumado com Paris, com Madrid, saiu daqui impressionado. Sergipe tem uma orquestra à altura das melhores”, salienta.
Da mesma forma, Maartje Backx passou a acompanhar a Orsse desde o início e, hoje, não perde nenhum concerto. “Em pouco tempo, passei a comparecer a todas as temporadas, que, para mim, eram um evento imperdível. A sensação de estar no teatro ou ao ar livre, mais recentemente também na série Concertos na Catedral é única. Parabenizo a ORSSE pela sua história e qualidade que hoje é reconhecida nacionalmente e além das nossas fronteiras”, complementa.
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