Na data em que se celebra o Dia Mundial da Conscientização do Autismo (2 de abril), a Câmara Legislativa do DF inaugurou a Mostra Cultural de Visibilidade Autista. Situada no Espaço Cultural Athos Bulcão, no foyer do plenário da Câmara, a exposição apresenta obras de artistas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e pode ser visitada por qualquer cidadão. A cerimônia de abertura contou ainda com o lançamento da Cartilha do Autista, documento que informa sobre as principais questões relativas ao autismo, como diagnóstico, tratamento e direitos.
A mostra e a cartilha são iniciativas do deputado Iolando Almeida (MDB), que reforçou a importância de dar visibilidade ao tema. “A sociedade tem muito a ganhar com a inclusão. Pessoas com TEA podem contribuir para o desenvolvimento econômico do país e do DF. A arte, de fato, ultrapassa barreiras e além de sua função estética constitui uma importante ferramenta de transformação. Há ainda muito a ser feito para as pessoas com autismo, mas a conscientização é a chave para chegarmos ao diagnóstico”, aponta o deputado.
Defensor da causa e autor de proposições como a Lei 6.842/2021 - que instituiu o uso do colar de girassol como instrumento auxiliar para identificação de pessoas com deficiências ocultas -, Robério Negreiros (PSD) comentou que a pauta é plural e se reflete na ação de diversos deputados. Ele também elogiou o esforço do GDF "para que o distrito tenha mais pujança nas políticas públicas que envolvem a pessoa com deficiência". Também participou o deputado Pepa (PP).
Pai de Nicolas Xavier, escritor com TEA, Sansão Barbosa também salienta que o diagnóstico é um momento central. A partir dele pode-se buscar os direitos garantidos para pessoas com autismo, como tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) ou na rede privada, o direito de locomoção, o Benefício da Prestação Continuada, entre outros. Barbosa emociona-se ao refletir sobre o potencial do filho que, aos 16 anos, já escreveu uma série de livros, e destaca que a causa autista precisa ser abraçada por todos.
Curadora da mostra e presidente do Conselho de Cultura da CLDF, Jane Marrocos é categórica na defesa das pessoas com TEA: “Doença é o desrespeito, transtorno não é uma doença. Mas precisamos falar das dificuldades que as famílias enfrentam em decorrência do transtorno”. Ela finalizou sua fala refletindo sobre o papel dos espaços culturais da casa legislativa. “Esse é um espaço de arte para todas as pessoas, pois essa é a casa do povo”.
Também compareceu ao evento um grupo de alunos, pais e professores do Centro de Ensino Fundamental 01 de Planaltina. A escola oferece ensino regular do 6º ao 9º ano, bem como Educação de Jovens e Adultos (EJA) Interventiva, que recebe pessoas com deficiência de idades diversas. A professora Dayane Barreto explica que a equipe da instituição executa um trabalho amplo e pede para que haja mais investimentos e suporte para a escola.
Abril azul
A Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o abril azul, campanha para conscientizar e dar visibilidade ao tema. Secretário da Pessoa com Deficiência do governo do DF, Flávio Santos participou da abertura da mostra e clama para que a conscientização não se limite a esse mês e que todos os dias a sociedade possa se sensibilizar para a pauta.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que uma em cada 160 crianças no mundo tem TEA. Trata-se de um transtorno de desenvolvimento neurológico, caracterizado pela dificuldade de comunicação e/ou interação social. O autismo pode se manifestar em diferentes níveis, de forma leve até severa.
Homenagens
A cerimônia reconheceu com Moções de Louvor os artistas que participam da mostra, como a artista plástica Giovanna Amorim; o cineasta e ator Gabriel Batista; a artista plástica, fotógrafa e professora Ruth Sousa; a escritora e servidora pública Aline Campos; o artista plástico Tito Reis; e o músico e tenente do Corpo de Bombeiros Ademir Júnior.
Também foram congratuladas pessoas que atuam para a causa do TEA. Uma delas é a fundadora do Mapa Autismo do Brasil, Ana Carolina Steinkopf. A iniciativa consiste em levantar dados sociodemográficos para traçar um perfil das pessoas diagnosticadas com autismo no país. A pesquisa já coletou dados do DF e deve ser expandida para todo o Brasil. Conheça os dados já apurados .
Daniela Reis/ Agência CLDF