“Quem mais precisa é quem menos pode pagar pelo tratamento. O cuidado com a mente é um direito humano, não um privilégio”, afirmou o deputado Chico Vigilante (PT), durante solenidade em homenagem ao Dia do Psicanalista. O evento — realizado nessa quarta-feira (14) na Câmara Legislativa — abordou a importância da saúde mental e a necessidade de ampliar políticas públicas na área.
“A psicanálise não pode e não deve ser um luxo. Ela precisa ser acessível. Precisa estar nos Caps [Centros de Atenção Psicossocial], nas escolas, nos Centros de Referência, ao lado do povo”, enfatizou o deputado. Ele também falou sobre o descumprimento, no âmbito do Distrito Federal, da Lei 13.935/19 , que exige serviços de psicologia e de serviço social nas redes públicas de educação básica. “O GDF precisa cumprir a lei e colocar um psicólogo em cada escola”, ressaltou Vigilante. Ele pretende agendar uma audiência pública para discutir a saúde mental no DF.
Apesar de os psicólogos serem maioria na psicanálise, a especialização é de livre exercício para qualquer formação de nível superior. A profissão tem um relevante impacto na sociedade, em especial na prevenção de problemas sociais. “Grande parte dos problemas ligados à saúde mental tem muito a ver com a falta da escuta. O indivíduo chega a um processo de violência, de criminalidade, porque não teve a oportunidade de fala, de elaborar seus sentimentos, suas questões”, avaliou o diretor da Escola de Psicanálise de Brasília, Flávio Calile. “É de suma importância a psicanálise estar em todos os espaços”, completou.
O deputado Ricardo Vale (PT), primeiro vice-presidente da CLDF, considera que o trabalho dos psicanalistas e psicólogos é fundamental para a compreensão e superação dos desafios da sociedade atual. “As pessoas estão ficando muito intolerantes, muito preconceituosas. Infelizmente o machismo tem crescido muito. A gente tem visto a quantidade de violência contra a mulher no Distrito Federal, a quantidade de feminicídio. Mais do que nunca, a gente precisa entender esses fenômenos”, destacou.
A baixa quantidade de CAPS no DF foi uma das principais críticas dos participantes da solenidade. “O DF tem o pior índice de cobertura de atenção à saúde mental do Brasil”, apontou o deputado Gabriel Magno (PT), referindo-se ao número de Caps, unidades do SUS dedicadas ao atendimento de saúde mental. Ele também criticou a situação do Hospital São Vicente de Paulo. “A gente ainda vive, na capital desse país, com um equipamento público que opera numa lógica manicomial.” Magno considera que os profissionais e servidores do local são extremamente qualificados, mas que a política geral dessa instituição pública precisa ser remodelada. Os manicômios, espaços de internação compulsória, foram proibidos por lei em 2001.
A sessão completa pode ser assistida no canal do Youtube da TV Câmara Distrital.
Ana Teresa Malta - Agência CLDF
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